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FANATISMO: existe limite?

  • Foto do escritor: Jadson Bernardo
    Jadson Bernardo
  • 11 de mar. de 2021
  • 3 min de leitura

Quando falamos de fanatismo parece ser assunto para o Oriente Médio. Esquecemos que no nosso próprio quintal o conceito é visível nos olhares e dizeres das pessoas - fora os tipos de políticos que induzem parte da população a um fundamentalismo exagerado e mal interpretado.


O fanatismo fustiga-nos a perguntar qual ou quais são os limites humanos - se existe algum limite. Para os grupos terroristas o limite é o “paraíso”. Mas para outras pessoas que se negam a dizer que são fanáticas, existe limite?


Lendo o texto “Contra o Fanatismo” de Amós Oz (2004), percebe-se o tamanho da bolha universal que ainda existe em nossos tempos e nos mais diversos espaços. Não é somente na Palestina, em Israel ou na Europa que existe o fanatismo. Está dentro das pessoas, no mais profundo instinto da irracionalidade humana.


A paixão possessiva torna o sujeito social fanático. O meio de se libertar: o respeito ao outro.


No Brasil, o lugar que vivo, o fanatismo é algo preponderante em todas as zonas possíveis de relação social. Existem pessoas fanáticas pela religião, futebol, samba, poder, dinheiro, inveja, “amor” [...]. Todos os tipos de sujeitos sociais que imaginares!


Apesar do Brasil ser um dos países do mundo mais diversificados culturalmente, ainda assim, um grande contingente populacional encontra-se em condições de serem fanáticos. Muitos negam até a última instância, outras já aderem com força como uma doença manifesta no corpo humano. Em síntese, não conseguem olhar para si e ver que são iguais aos fanáticos europeus, estadunidenses, orientais e por aí vai.


O Brasil é uma bolha social em que o fanatismo está presente. A religião, como principal exemplo, faz parte da vida do brasileiro, imposta ou não. Porém, a doença contaminadora torna uma parte dos sujeitos presos às amarras de grupos religiosos fanáticos, que manipulam as experiências da narrativa da vida do Cristo e concitam a segregar socialmente as minorias e justificar a miséria do pobre como culpa sua.


A boa notícia é que existem pessoas que sabem tolerar o outro, conseguem entender a fé alheia e seguem os bons exemplos do Cristo ou de outros deuses. Mas, não sei e não sabemos se é maioria hoje, no século XXI. Basta somente olhar na política brasileira e vê a predominância da Idade Média e sua herança nos homens de poderes. Usam, manipulam e abusam da boa-fé humana para dominar, explorar e aniquilar, como ocorrera na própria Igreja Católica e protestante em vários momentos históricos no tempo das Colônias na África, na Ásia e na própria América nos séculos anteriores ao XXI.


As inúmeras narrativas sobre a atual pandemia da Covid-19 é um ótimo exemplo sobre o não limite do fanatismo. Basta colocar a culpa em “Deus”, ou deuses, ou em seus antagonistas, para desrespeitar qualquer protocolo básico de saúde pública, esquecendo que a doença é resultado da interferência do homem frente a natureza. Portanto, o fanatismo é como uma doença. Quando pega é difícil curar. Cega e deixa outros cegos. Você cego perderá amigos e deixará de ser exemplo de um bom ser humano.


O fanatismo de toda ordem é perigoso. O amor fanático é danoso. O poder em mãos de fundamentalistas ultraconservadores é destruidor. Para o fanático não existe limite. Para escapar das amarras é necessário conhecimento, educação, reflexão, diálogo e bom humor, porque como explicou Oz (2004), “... enquanto você tiver senso de humor, pode ficar parcialmente imune ao fanatismo, pois, o Senso de humor é uma grande cura. Nunca vi na minha vida um fanático com senso de humor, nem vi uma pessoa com senso de humor tornar-se fanática, a menos que tenha perdido o senso de humor.” (OZ, 2004, p.35).

REFERÊNCIA

OZ, Amós. Contra o fanatismo: Rio de Janeiro, 2004.

Arte: Ramon Nere





 
 
 

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